O governo brasileiro pagou praticamente R$ 660 bilhões em juros da dívida pública nos últimos 12 meses. Essa despesa — paga pela sociedade via Tesouro Nacional — cresceu 35% em um ano e saltou 133% em dois anos.
O valor desembolsado em apenas um ano já ultrapassa a soma do orçamento previsto em 2023 de três dos maiores ministérios do governo: Desenvolvimento Social, Saúde e Educação.
O debate econômico recente no Brasil passa necessariamente pelo patamar de juros e o impacto que a política monetária restritiva gera nas empresas e nas famílias. Há, porém, outra face da discussão menos explorada: o pagamento de juros pelo próprio governo.
Dono de uma dívida de R$ 7,5 trilhões, o governo brasileiro é, na prática, a maior vítima ou beneficiário do patamar da taxa Selic. Isso acontece porque basicamente toda a dívida pública interna — em reais — é direta ou indiretamente influenciada pelas decisões do BC.
Se o Comitê de Política Monetária (Copom) eleva o juro, os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional começam a pagar mais juros. Se a taxa cai, a despesa também começa a diminuir.
Nos últimos 12 meses, o governo pagou nessa conta exatos R$ 659,5 bilhões em juros da dívida, segundo dados do próprio Banco Central referentes a abril.
Em termos nominais, é o recorde da série histórica de mais de duas décadas, iniciada em 2002. E a conta explodiu nos últimos dois anos — exatamente no atual ciclo de aperto monetário.