A mãe de uma criança de 10 anos, estudante de uma escola particular de Maceió, denunciou nas redes sociais que a filha foi encurralada, agredida e ameaçada pelos pais de uma "colega de sala", dentro do colégio, localizado no bairro da Ponta Verde. O caso aconteceu no dia 06 de maio.
Izabelle Perrelli, mãe de Alice, contou que a filha dela e a filha do casal eram amigas próximas, mas que desde o início do ano letivo, as meninas, que estão no 4º ano, começaram com umas “implicâncias e arengazinhas típicas da idade”. Izabelle conta que, na época, entrou em contato com a mãe da outra menina para que ela conversasse com a filha dela, pois ela estava fazendo o mesmo com sua filha e que as meninas não deveriam passar por isso.
“A mãe tem que orientar. E eu dizia para a minha que é assim mesmo, que essas coisas acontecem, que cada uma tinha que seguir para o seu lado, que é normal. A gente tem que preparar os filhos para a realidade. Isso acontece”, completou.
No entanto, segundo Izabelle, a situação entre as duas meninas não melhorou. A outra menina passou a se juntar com outras alunas para excluir a filha dela e até praticar bullying.
“Ela combinava com as outras meninas para não falarem com a minha filha. Ficavam rindo de uns fios arrepiados do cabelo dela, querendo colocá-la para baixo. E eu trabalhando isso em casa, com ela e a psicóloga também, dizendo para ela que a menina não era amiga dela, que deixasse pra lá, sempre tentando trabalhar isso da melhor forma. Nunca passou pela minha cabeça de tomar satisfação com uma criança, ameaçar, nem fazer o que fizeram com a minha filha, nada disso. Até conversei com as meninas e disse que elas não deveriam agir daquela forma, que eram amigas. Procurei a mãe da menina, porque tinha aproximação para isso e disse a ela para tentar resolver tudo amigavelmente. Houve dias em que minha filha chegou chorando em casa”, conta.
Dias depois, Izabelle contou que foi buscar às filhas no colégio, ficou aguardando no embarque e desembarque, mas às meninas não estavam, não apareceram e a mais velha não atendia ao celular. Preocupada, ela entrou na escola e quando já estava no interior do prédio recebeu uma ligação pedindo que ela se dirigisse à sala da coordenação.
“Quando cheguei na sala, estavam: coordenador de esporte, orientador, auxiliar de corredor, professora, auxiliar de sala, coordenadora geral, só não estava à diretora geral. E minhas três filhas sentadas. A mais velha de 12 anos, aos prantos, porque presenciou a cena, a do meio, de 10 anos, que sofreu a ameaça, também chorando, e a mais nova de 9 anos, sem entender nada”, lembra a mãe.
Ela conta ainda que, assustada, perguntou o que houve e a coordenadora contou que o pai da menina que estava praticando bullying contra sua filha, havia acuado ela no corredor do colégio.
“Ela me disse assim: Olha, Izabelle, o pai de fulana rendeu sua filha no corredor do colégio, colocou o dedo no rosto dela e disse: “Se você continuar, quem vai acertar com você sou eu”. A coordenadora disse que minha filha ficou parada, sem reação. E minha filha mais velha que estava esperando ela para ir embora, presenciou tudo. A auxiliar de corredor foi para cima, afastou as meninas, disse que ele não podia fazer aquilo com uma criança e afastou minhas filhas. Mas, segundo relatos das meninas, ele e à esposa ficaram gritando no corredor, dizendo que queria falar com a minha filha e tentado a todo custo se aproximar novamente dela”, diz Izabelle.
“Na hora que eu ouvi aquilo, eu não tive reação. Eu olhava para as minhas filhas chorando, a mais nova olhando para mim, sem entender. Eu travei. Não sabia se eu chorava, se eu ia atrás, eu travei. Eu perguntei o que a escola tinha feito e eles disseram que tinham afastado às meninas e que o casal não teve mais contato com elas. Perguntei o que a escola ia fazer a respeito e eles disseram que iriam passar o caso para à direção e me dariam um retorno. Me levaram, junto com as meninas, até o carro, e me deram toda a assistência no momento”, continua.
Com medo, Izabelle conta que foi até uma delegacia, registrou boletim de ocorrência e pediu uma medida protetiva, após ela e a filha serem ouvidas.
“Na hora a gente fica com muita raiva, mas tudo deve ser resolvido dentro da lei, não é? Jamais iria perder minha razão, até porque não é da minha educação, não é da minha pessoa. A Justiça está aí para isso. Tenho certeza de que a Justiça vai ser feita, até porque isso aconteceu com uma criança. É um absurdo! Uma criança totalmente indefesa. Imagine um cara alto, grande, olhar para seu filho e dizer “quem vai resolver sou eu”? como aquela criança não se sentiu? Aquela formiguinha... “meu Deus, cadê meu pai? cadê minha mãe?", olhar para o lado e eles não estarem”, diz Izabelle, emocionada.
“Eu me emociono porque é uma situação que eu não desejo para ninguém. Só sabe realmente quem passa. Mas, eu sei que a Justiça está aí para fazer o que tiver que ser feito. Espero que o colégio não me decepcione, espero que eles tomem às medidas cabíveis, porque esse pai é uma ameaça para qualquer filho. Porque qualquer criança que arengar, que brigar com a filha dele, ele vai lá e ameaça, vai lá e bota o dedo na cara. Enfim, minha filha está psicologicamente abalada, mas está com acompanhamento psicológico e com fé em Deus tudo vai ficar bem”, frisa.
Izabelle diz que tudo que deseja é que a Justiça seja feita e que a escola tome providências necessárias sobre o caso. “Esse pai não pode frequentar um ambiente cheio crianças”, concluiu.